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E Jesus diz: “Felizes...”

 

         Eu fui seminarista católico e nesta época, fiz um ano da Faculdade de Ciências Religiosas na PUC-PR (metade do curso). Um dia meu professor de Teologia Moral entrou em um outro assunto que ele dominava muito bem: as Bem-Aventuranças.  Assim, o Pe. Artigas (nascido na Espanha, e ex-professor de Teologia Dogmática de uma das universidades de Roma) nos deu algumas belas aulas sobre o assunto, e é a partir delas que escrevo este artigo.
        Ele trabalhou em cima do texto de Mateus 5,3-12.  Nesse texto, encontramos 8 bem-aventuranças.  Esclareçamos primeiro que bem-aventurado = feliz.  Dessa forma, o código da Nova Aliança é:  “Como vocês serão felizes se ...”, ou seja, Jesus nos aponta caminhos para a felicidade. A 1ª parte das bem-aventuranças mostra ou uma opção, ou um estado, ou uma ação a ser feita; já a 2ª parte, em qualquer um dos três casos, é sempre uma promessa.  Ainda, sobre a estrutura a 1ª delas é uma opção; a 2ª, a 3ª e a 4ª são “sofrimentos” que irão desaparecer; a 5ª, a 6ª e a 7ª são ações, atitudes a serem tomadas; e a última conclama a perseverança. Vamos a 1ª,  que pode ser entendida como: “Felizes os que escolhem ser pobres.” Pobre é aquele que, mesmo que pudesse, não se interessaria em ser rico: basta o suficiente.  Em hebraico, pobre de espírito nunca poderia ser entendido como um rico desprendido.
        Meu professor frisou que a ambição é a raiz da injustiça, escolher ser pobre é abrir mão da ambição, é lutar contra a injustiça.
         Ainda, segundo Mateus o fato de escolher a pobreza anula os efeitos negativos: a carência e a dependência dos outros. A pessoa que é pobre no espírito não se sente carente, nem dependente, sente-se feliz.  Deus lhe garante a felicidade.
        Ressalte-se que o Evangelho é qualquer coisa, menos resignação.  Quem escolhe ser pobre contenta-se com o que é suficiente para si e partilha, daquilo que consegue, o que ultrapassa o necessário para viver dignamente.
        Não nos pede Jesus para sermos miseráveis, a finalidade da 1ª bem-aventurança é que ninguém seja miserável.  Isto ocorrerá quando todos dividirem aquilo que esta além do necessário para uma vida digna para si.
     

         Ainda, falava o Pe. Artigas que, de certa forma, as Bem-Aventuranças são os mandamentos do Novo Testamento. E não se esqueçam: ser pobre por opção dentro de uma comunidade cristã, é a idéia do Cristo, onde um ajuda o outro, de todas as formas, inclusive materialmente.

 

Leonardo Bergamo - 2001

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